quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Tendências na premiação do Oscar...

Passada a premiação do Oscar é interessante poder ver os comentários concernentes aos ganhadores. Marcelo Coelho, na sua coluna da Folha (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2802200725.htm ) fez uma observação importantíssima, que talvez passasse despercido por mim ( e pela minha memória) mas, ao atentar para o fato observado me deu alguns bons pontos de reflexão.De forma resumida Marcelo Coelho apontou que os últimos ganhadores do Oscar de melhor atriz e ator foram oriundos de personagens reais que foram magnificamente interpretados pelos atores, senão vejamos: **
- 2005: Jamie Fox por RAY (Charles)
- 2006: Phillip Seymour Hoffman por CAPOTE (Truman)
- ** 2006: Reese Whiterspoon por JOHNNY AND JUNE (June Carter)
- 2007: Helen Mirren por A RAINHA (Rainha Elizabeth)
- 2007: Forrest Whitaker por O ÚLTIMO REI DA ESCÓCIA (Idi Amin Dada)

** Fiz algumas adaptações mudando o ano informado pelo Marcelo Coelho que indicou o ano do filme e não da premiação
** Ele também se esqueceu de comentar que Reese Whiterspoon levou o Oscar em 2006 de melhor atriz por interpretar June Carter no filme Johnny and June


Após tais observações, Marcelo Coelho faz uma crítica sobre essa tendência da academia de premiar os atores que imitam com perfeição esses personagens, elogiando todos esses atores mas levantando algumas dúvidas sobre um suposto critério “mecânico e simplista” de avaliação da qualidade do ator.

Concordo realmente com a postura do Marcelo Coelho uma vez que leva-se em consideração o “quanto mais igual melhor”.... nesse ponto de vista. Já indo um pouco além da análise do Marcelo Coelho poderíamos ter qualquer grande imitador como um potencial candidato ao Oscar... imagine o TOM CAVALCANTI levando o Oscar de melhor ator pela imitação do Pelé (mesmo com a diferença de cor da pele...)

Ironias minhas a parte e resgatando um pouco do texto original Marcelo Coelho traça um novo paralelo com peças de Teatro, onde muitas vezes personagens históricos ganharam uma nova cara, uma nova roupagem, traços psicológicos distintos como por exemplo numa “Carmen de Bizet”.... realmente, apesar de não ser fã incondicional de teatro mais uma vez considero que peças sobre um mesmo tema representaram de formas distintas um mesmo personagem principal.Mais uma vez, ao analisar minhas versões dos fatos e voltando ao cinema pensei nas adaptações de HQs para a grande tela. Até pela própria linha editorial dos quadrinhos que permitiram ao longo de décadas que um mesmo personagem tivesse características distintas (seja pelo novo editor, redator, desenhista) isso permitiu que no cinema um mesmo personagem pudesse ser visto mais humano, cruel, etc.
Bom exemplo disso são as diversas versões do Batman que no cinema foram interpretados por diferentes personagens ( Michael Keaton, George Clone , Crhistian Bale, Val Kilmer) cada um com caracterísitcas tão prórprias que quase podíamos falar que seria outro super herói.

X-Man pode ser um outro exemplo assim como V- de Vingança onde o personagem principal é muito mais humanizado no filme.

Como sempre gosto de fazer a versão “advogado do diabo” devo ressaltar que nesses exemplos que dei sempre foram abordados personagens “inventados”... nenhum deles é “real como a Rainha”, pelo menos ninguém me provou que o Batman existiu mesmo e talvez isso faça toda a diferença na hora da escolha do Oscar se basear em tal “imitação perfeita”. Até porque se perfeita não fosse a imitação o Oscar ganharia outras mãos... no entanto será interessante analisar se essa tendências perdurará no OSCAR...

Antes de encerrar, a fim de gerar mais discussões, Marcelo Coelho faz um paralelo com a Ópera “Carmen” de Bizet a fim de enfatizar sua preocupação entre uma “grande imitação” e “um novo tipo de interpretação”. Nesse caso vejo muitas semelhanças com os quadrinhos pois quer queira quer não Carmen também é personagem fruto da imaginação do seu criador e como tal pode ganhar novas roupagens a partir da idéia daquele que venha a manipular sua imagem...

Fiz pequena pesquisa sobre a Carmen que disponibilizo nos comentários...

Um comentário:

Unknown disse...

Sobre Carmen...
Carmen é uma ópera em quatro atos de Georges Bizet com libreto de Henri Meilhac e Ludovic Halévy, baseada na novela homônima de Prosper Mérimée. Estreou em 1875, no Opéra Comique de Paris

Prosper Merimée, (Paris, 28 de setembro de 1803 - Cannes, 23 de setembro de 1870- historiador, arqueólogo e escritor romântico francês, célebre pelo conto Carmen.

Nunca houve uma mulher na literatura como Carmen. Nem a sanguinária Lady Macbeth, a insatisfeita Emma Bovary, a alegre zíngara Esmeralda, a apaixonada Anna Karenina ou a ambígua Capitu, entre outras ilustres celebridades retratadas em dezenas de clássicos, superam seu magnetismo enigmático e erótico. Das páginas do francês Prosper Mérimée ela saltou para a ópera, o balé flamenco, as artes plásticas, a poesia e mais de meia centena de adaptaçoes cinematográficas. A beleza selvagem da cigana andaluza inspirou atrizes, divas eruditas e bailarinas lendárias como Pola Negri, Dolores del Rio, Rita Hayworth, Sarita Montiel, Viviane Romance, Dorothy Dandridge, Maria Callas, Teresa Berganza, Victoria de los Ángeles, Alicia Alonso e Maia Plisetskaya. Símbolo da mulher indomável e possuidora de espírito rebelde e valente, que cultua a liberdade pessoal em uma sociedade em que o dinheiro e e posiçao social parecem ser as únicas coisas importantes, Carmen representa o mito da mulher fatal por excelência; uma nova Pandora, dotada, de abundantes dons espirituais e de impressionante sensualidade, porém mentirosa e perversa, cruel e vingativa, e sem deixar de ser carismática, alegre e generosa. Gozando de notoriedade, pode ser comparada com outras fêmeas voluptuosas, que aparecem em todas as culturas conhecidas: Salomé, Judith, Lilith, Kitsune sao exemplos que ilustram a homenagem que a tradiçao popular faz a este personagem sedutor. No relato de Don José, é tratada mais que com palavras de enamorado, com as de um enfeitiçado: ela o seduz e ele nao pode viver sem sua presença; repete várias vezes que ela é o “diabo”, confirmado por Carmen. O leitor pouco a pouco conhece a condiçao da protagonista de prostituta, ladra, instigadora ao crime, maléfica, etc., e, mesmo assim, como José, se sente atraído por ela, por sua força nascida do eterno feminino, do encanto do obscuro:

“Era una belleza extraña y salvaje, un rostro que al pronto extrañaba, pero no se podía olvidar. Sobre todo, los ojos tenían una expresión voluptuosa y feroz a la vez que no he encontrado después en ninguna mirada humana. Ojo de gitano, ojo de lobo”






Para saber mais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carmen
http://www.othlo.com/hletras/escritos/16carmen.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Prosper_M%C3%A9rim%C3%A9e